06/08/2015 - 14:35

COMO FUNCIONAM OS CANAIS NO PERÍMETRO GORUTUBA?

Leia e saiba mais sobre o funcionamento do Canal Principal

COMO FUNCIONAM OS CANAIS NO PERÍMETRO GORUTUBA?

 

     O PGO consiste em uma estrutura de condução principal de água denominada canal, com 24,5 quilômetros de extensão, e estruturas de condução secundárias, terciárias e quaternárias denominadas acéquias (bicas), com extensão total de 103 quilômetros. Tais estruturas abertas se comportam como se fossem “estradas” que levam a água ao seu destino.

     O canal principal é como uma estrada asfaltada na qual passa um tráfego intenso de veículos. As redes secundárias são como estradas de terra que iniciam na estrada asfaltada e vão passando ao lado da porta dos moradores. No caso real, estas redes secundárias levam água aos lotes irrigados, diminuindo a quantidade de água transportada ao longo da rede até que seja atendido o último irrigante. Toda rede de distribuição termina em um dreno ou num lote agrícola, sendo estes responsáveis por receber toda a água que não foi utilizada pelos irrigantes, bem como a infiltração de água das irrigações e das chuvas para devolução ao rio.

     Da mesma forma que nas estradas, devem ser realizadas manutenções para o melhor “tráfego” da água, seja recapeamento do concreto dos canais, substituição de juntas de dilatação da emenda das placas dos canais, dentre outras, visando sempre a menor perda de água pelo caminho.

Como o projeto foi planejado e implantado até o final da década de 70, a tecnologia utilizada já se encontra ultrapassada, já que como seus canais são abertos e em declividade, sempre haverá perda natural no final de rede para que seja adequadamente fornecida água aos últimos irrigantes.

     Assim como uma lâmpada incandescente (aquelas arredondadas de luz amarela) esquenta quando acesa, gastando naturalmente mais energia, assim também é nosso sistema de distribuição de água, que naturalmente perde parte da água que é captada no início. Pelo fato de esquentar muito menos (perder energia com aquecimento) é que torna as lâmpadas fluorescentes mais econômicas, pois emitem mais luz do que calor.

   Nesse ponto de vista, devemos trocar a nossa “lâmpada” por uma “lâmpada fluorescente”, ou seja, precisamos TUBULAR e modernizar o sistema de captação de distribuição de água. Um exemplo claro de perda de água ocorre quando há queda de energia e/ou quando chove, que são casos em que os irrigantes deixam de captar água do canal sem aviso prévio, ou seja, são eventos não programados.

 

      Nesses casos, assim que temos a informação de corte de energia ou de chuva fechamos o nosso canal, contudo a água que está dentro do canal neste momento irá escorrer para algum lugar, seja para rede de drenagem ou até mesmo para as estradas. É como uma mangueira com a ponta aberta que temos em casa, que mesmo depois de fecharmos a torneira em que a mangueira foi conectada, continua saindo água por um determinado tempo.

    Essa água é a que estava dentro da mangueira e que agora está esvaziando. Porém, se a mangueira tivesse algo em sua extremidade que a fechasse, essa perda não ocorreria (imagem). O mesmo é com nosso sistema de distribuição que quando for tubulado e com as extremidades fechadas, não haverá mais essas perdas, que é o esvaziamento dos canais.

      Em virtude das baixas recargas na barragem do Bico da Pedra, observadas nos últimos períodos chuvosos, os irrigantes do PGO enfrentam seu terceiro racionamento de água, tendo sido o primeiro implantado em Maio de 2012, com redução de 30% no volume captado da barragem, e o segundo iniciado em Fevereiro de 2013, com restrição de mais 20%, e o terceiro iniciado em Maio de 2015, com mais 30%. Com essa diminuição total de 61% em relação aos volumes normalmente utilizadoshouve uma drástica queda na qualidade e quantidade dos frutos produzidos, principalmente no caso da bananicultura, vindo a trazer prejuízos aos produtores, bem como obrigando ao abandono de parte da área cultivada para buscar manter um aceitável padrão de qualidade no plantio remanescente. Simultaneamente, houve redução de postos de trabalho tendo em vista a queda de produtividade e de área cultivada, fatores que ocasionaram a diminuição da mão de obra necessária na atividade. E na expectativa de passar por essa difícil fase, foi instalado pela CODEVASF um conjunto de motobombas para fornecer água aos perímetros e evitar maiores impactos não só para a agricultura, como também para o comércio e para as pessoas que trabalham nestas atividades. Sem a instalação deste sistema de bombeamento, a irrigação no PGO já teria sido interrompida, o que certamente traria grandes prejuízos à economia da região.

    Para que fosse possível a operação do perímetro de irrigação com tal redução, houve grande mudança operacional. Tal mudança consistiu na adoção de regime ininterrupto de funcionamento, ou seja, os canais são operados inclusive aos finais de semana, diminuindo sobremaneira as perdas de água durante abertura e fechamento do canal. Em virtude desta adequação houve uma ampliação da eficiência de condução e distribuição de água do projeto de 50% para atuais 67%, ou seja, hoje de cada 100 litros que saem da barragem 67 são entregues e faturados aos irrigantes. Apesar do grande avanço operacional esta perda ainda é bastante significativa, uma vez que, estamos em uma região semiárida onde os volumes precipitados têm diminuído nos últimos anos.

     Faz-se necessário lembrar que tais perdas são difíceis de serem diminuídas tendo em vista o desgaste da infraestrutura e o fato de ser um sistema antigo (lembra da lâmpada incandescente?), afinal, ele é de 1978.

     Dessa forma, é imprescindível que sejam realizadas manutenções nas estruturas de captação e condução de água do perímetro de irrigação a fim de que essas perdas sejam reduzidas, porém para que sejam alcançadas elevadas taxas de eficiência, baixando tais perdas para patamares aceitáveis para a tecnologia que dispomos somente com a substituição de todo o sistema existente por outro mais moderno, eficiente, e automatizado. Tal substituição encontra-se incluída no Programa de Aceleração do Crescimento 2 – PAC 2, do Governo Federal, visa justamente à tubulação das redes secundárias, terciárias, quaternárias e parte do canal principal, bem como o recapeamento de 14 quilômetros do Canal Principal. Além dessa recuperação, está prevista a automação do perímetro, de forma que o controle da água captada seja muito mais rápido e eficiente.

     O DIG não aumentará o volume de água (cota de água) fornecido a nenhum de seus irrigantes, possuindo tanques ou não, sendo pequeno ou grande produtor enquanto a Barragem Bico da Pedra não a dar condições para isso. O que o DIG fará sempre é buscar usar da melhor forma possível os recursos que dispõe, afinal de contas, a existência do DIG depende disso.

     Portanto, o Distrito de Irrigação do Gorutuba e a CODEVASF vem buscando melhorias internas e aperfeiçoamento operacional a fim de utilizar de forma racional este recurso que é tão importante para a região. Da mesma forma acreditamos que cada cidadão está buscando o mesmo, utilizando os recursos da melhor maneira possível e assim preservá-lo para as gerações futuras.

     O que vem ocorrendo está relacionado diretamente com a diminuição das chuvas nos últimos anos e que consequentemente houve uma queda na recarga de água na Barragem Bico da Pedra, ou seja, é um fenômeno natural que fez despertar em todos nós uma série de ações e reflexões para melhor enfrenta-la, tais como: instalação do sistema de bombeamento emergencial, necessidade de tubular a rede de distribuição de água do Perímetro Gorutuba, de importar água (trazer água por tubo) seja do Rio São Francisco ou do Rio Verde Grande, aumento da capacidade de reservação da Barragem Bico da Pedra, revitalizar o Rio Gorutuba e Mosquito (recuperação das nascentes, preservação das matas ciliares, realocação das estradas, etc). Desperta também a reflexão quanto ao nosso comportamento no dia-a-dia e que agridem o meio ambiente, como nossa produção de lixo, uso inadequado da água, etc. Enfim, nos fez pensar que mudanças são necessárias.

No mais o DIG se coloca a disposição para dar maiores informações sobre seu funcionamento.

Atenciosamente,

DISTRITO DE IRRIGAÇÃO DO PERÍMETRO GORUTUBA

 

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